sexta-feira, janeiro 30, 2004

A Midnight Summer's Tale

Corria o Verão de 1979, já passava da meia-noite, e abandonava a arena que essa noite tinha alternado a música. De cabelos brancos do pó que saltara durante todo o festival, só pensava em levantar-me bem cedo e dirigir-me à discoteca das Arcadas do Parque, no Estoril, entrar na cabina, e escutar o disco que acabaria por ter de comprar urgentemente.
Os polémicos Skids, tinha-os descoberto mais um pouco naquela noite de rock na arena, ao lado dos Tourists (mais tarde Eurythmics), 999, Original Mirrors, Panchito and the Hi-Rockers e UHF. Tinham um som diferente, a guitarra de Stuart Adamson (RIP, Big Country) soava como uma gaita de foles com distorção e a postura forte da banda cativou-me na hora. Entre bandas, ao meu aceno, Stuart Adamson retribuiu admirado do palco. A seguir ao concerto dos Skids, foi o próprio Stuart que me espantou, ao vir junto das grades e cumprimentar-me pessoalmente... A partir daí não tive mais dúvidas de que era um grupo que mereceria toda a minha atenção.
Para muitos os Skids eram um grupo estranho ou mesmo detestado - não toleravam aquela capa ilustrada com o poster dos Jogos Olímpicos de 1936... - e não suportavam o lado mais arty que Richard Jobson assumia e sobrepunha ao rock pós-wave da altura (Jobson gravaria, depois dos Skids, com os The Armoury Show e a seguir a solo, além de algumas interessantes incursões na poesia - «The Ballad of Etiquete», Cocteau declamado sobre fundo de Virginia Astley, um Lp brilhante ainda hoje!. Depois de assinar crítica de cinema, editar um livro, e ser apresentador da VH1 (!), Jobson realizou o ano passado a sua primeira curta metragem , «16 Years of Alcohol»).
Há momentos vagos e únicos. Acabo de receber o vinil de «Badman», um disco de certo modo menor na carreira de Jobson, já em finais dos 80´s. Mas aquele concerto, naquela noite de Verão, aquele aperto de mão, por mais lamechas que me/vos possam parecer hoje em dia, tornaram a aventura dos Skids e as seguintes desventuras de Richard Jobson e Stuart Adamsom, até hoje e sempre, parte da minha vida imaginário-musical diária.



«Peaceful Times»
R.Jobson

I casted out the image from my mind
Where did the mission say to leave a sign
On the tables, books of Paris start to shine
Oh, the world ensembles as we dine
Let's talk of Jackals and drink sweet wine
Peaceful times, Rome and Paris are so fine

Oh I'm sure I'd like to move on
Egyptian girls hide by the moon

Stand by monumental toys
Stand by me and cure turmoil
Stand by me exquisite boys
Stand by me and feel new soil

I sacrificed the method of my dreams
On the latter, these new poets, stole the scene
Oh, I'm sure I feel I can't betray
Egyptian girls can only say
In peaceful times new writers flow
In peaceful times new writers know

In peaceful times new winds can blow
In peaceful times new winds can grow

Oh, winter and the palaces and wines
My these messages that sweep the mind
Oh, I'm sure that I must carry non
Egyptian girls don't last for long

Stand by me, the snow has come
Stand by me, Oh do not run
Stand by me, the summer is fun
Stand by me, in animation


quinta-feira, janeiro 29, 2004

THE SUN AIN´T GONNA SHINE ANYMORE?

Juro que foi a primeira vez, mas confesso:hoje comprei o The Sun.

Comprei o The Sun porque os jornais portgueses estavam todos tristes e cinzentos, mas não só. Aliás, a verdadeira razão de ter comprado o The Sun tem a ver com o facto de o ter espreitado, num café da vila. Não, não foi a pág.3, mas outras páginas em que se descrevia a jornada do reality show do momento nas ilhas, o «I'm a Celebrity - Get Me Out of Here!».

Mas nunca seria um reality show que me levaria a comprar o The Sun. A verdadeira razão é que um dos principais elementos dessa já não tão nova ideia de programa, i.e., pôr famosos a fazer figuras tristes, é, nem mais nem menos, que um dos meus anti-heróis da música popular: John Lydon, ex-Johnny Rotten, vocalista dos Sex Pistols, e único punk verdadeiro reformado à face da Terra.

John esteve sempre do contra. E está, ao ponto de fazer aquilo que o público não espera dele, levando mais longe o Situacionismo punk e a lógica da Sociedade do Espectáculo do que qualquer outro artista armado em intelectual.

Embora musicalmente se tenha perdido e rendido ao negócio imobiliário de uma ideia de LA que combatia enquanto novo, primeiro do outro lado do Atlântico, e depois no próprio solo americano (onde, aliás, acabou com os verdadeiros Sex Pistols), em nada a sua conduta deixa de fazer e desfazer sentido. Depois de ter alcançado notoriedade outra vez com a Rotten Radio online, agora desmancha esse regresso à actividade de comentador jocoso com a sua presença neste concurso, ao lado de cantores falhados e ex-jogadores de futebol, modelos aumentados e figuras de 2ª e 3ª linha.

E o «pior» é que os ingleses estão a adorá-lo, como personagem! Os mais novos descobrem-no agora - ouvindo falar de uns lendários Pistols... - sendo conquistados pelo seu swearing e ar de boneco embirrento do Senhor dos Anéis! Ou seja, em termos de comeback mediático, Lydon é bem, capaz de se tornar no novo Ozzy Osbourne, e pior ainda, qualquer dia participar na próxima gala que ocorrer nos jardins de Sua Majestade onde, pasme-se, poderá muito bem cantar o subversivo «God save the Queen»!

VINIL 4Ever

A entrar-me pelos ouvidos está, neste momento, o som proveniente do vinil «All The Mod Cons» dos The Jam, circa 78, autêntica biblía da época para o jovem aspirante a mod. Desde o clássico «Down in the Tube Station at Midnight» até à cover «David Watts», dos Kinks, passando pela belíssima «English Rose», está lá tudo o que um bom disco de música popular moderno deve ter. Ao terceiro disco, Paul Weller distinguia-se dos restantes nomes do punk e da new wave como um compositor de excepção. E como soa bem este vinil!

Não, não são malucos aqueles que ouvem discos de vinil em sistemas milionários, antes boas pessoas (definição deaqueles que dependem da música para viverem) com posses financeiras para tal. Mas não, não vamos tão longe...

Desenterrem o vosso velho gira-discos, verifiquem a correia e comprem uma agulha nova. Para já isso basta. Dirijam-se a uma loja acessível, tipo Fnac, e comprem, por exemplo, a edição comemorativa dos 25 anos da publicação de «Marquee Moon» dos Television. Oiçam e lembrem-se da diferença.

Confesso que fui (e sou) vítima do cd. Sempre na ponta do interesse pela tecnologia, aderi ao cd como religião e esqueci-me da colecção do «antes» que teimosamente me continuava a espreitar daquele móvel moderno de sala com as dimensões exactas para agrupar, em três filas verticais, uma amostra da minha colecção de vinil A.Cd. Mas não, não há volta a dar-lhe... Damn the mp3, cds e mini-discs, esse som não é O SOM!

Não, aqui não haverá alinhamentos feitos pelo ouvinte, e a picagem de temas em ordem não planeada pelos autores pode custar alguns ruídos menos confortáveis em futuras audições. Lado A, lado B, virar o disco e ouvir. Como é uma nova geração ouvirá o vinil, sendo que não cresceu com esse som nos seus ouvidos, eu diria mais, no seu imaginário? Certamente, com desconfiança, mas também com o momento-descoberta de poder ouvir, pela primeira vez, algo que soa a diferença. Quente, orgânico - non-digital para ser mais correcto.

Um dos pesos pesados dos coleccionadores de vinil deste país, e um dos homens chave da música em ondas hertzianas, informava-me, entre charutos, que alinha na sua hiper colecção o triplo vinil de «Ser Maior», dos Delfins. E falou-me na criação de um clube de Vinil Nacional... Fica prometido, o próximo disco que editar será também um disco de dimensões sérias, e não só essa mísera rodela-base-de-copo que mudou o som da música dos que a haviam mudado.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

O ESTADO DANAÇÃO Xpecial

Todos chorámos ao ver o rapaz de 24 anos cair fatalmente sobre o terreno.
Todos choramos. E aproveitamos para chorar Portugal.
Fatalistas mais que qb, libertamos a nossa depressão na desgraça dos outros, no aproveitamento mediático da desgraça dos outros.
Todos somos portugueses aqui, tão longe e tão longe.
Ainda não aprendemos a lição extra-religiosa da morte, ao ponto de, exaustivamente, explorarmo-la comercialmente?
Será que nos aproveitamos das desgraças dos outros para expiarmos a nossa?
(Miserere, o que seria dos EUA se «parassem» cada vez que um soldado cai redondo no Iraque, em prol da tão chamada Libertação do Mundo?)
Eu, se fosse pai do rapaz, danava este Portugal para todo o sempre. Parem com essa merda!
Todas as cartas de amor são ridículas, todos os votos de pêsames desconhecidos são escusados.
Falsos. The show must go on? Não, the life must go on. P(r)onto.
Féhèr descansa em paz, Portugal não te mascares mais de lágrimas salgadas por dá cá aquela palha das imagens que valem mais que mil palavras. Ou então reserva já um pacote de consultas no psicanalista europeu. A França agradece, e a Alemanha avança.
Antes crueza que Prozac. Vida eterna para todo o sempre!
Deixem-se de... Triste a família, abusadores todos os anónimos.



quinta-feira, janeiro 22, 2004

RESPECT#2

Não, não é um caso de «Where are they now?», porque, ao que parece, eles sabem muito bem onde estão, e pelo que passaram. Eles, os Dexys Midnight Runners. Ou ele, Kevin Rowland. Dava tudo para ter estado na tour inglesa que no final de 2003 reuniu os mesmos comparsas que há muitos, muitos anos, visitaram o pavilhão Dramático de Cascais*... Claro que foi um best of que os reuniu, mas a verdade é que os dois originais, nomeadamente o single de apresentação, «Manhood», são os Dexys no seu melhor, numa espécie de morfing de todos os seus álbuns, discos de Rowland a solo incluídos: está lá a alma de «...Young Rebels», os violinos de «Too-Rye-Ay», os diálogos de «Don't Stand Me Down», e até aquele lado mais crooner que Kevin adquiriu com a idade (menos os vestidos de «My Beauty», e ainda bem!).
Pena que estejamos numa época que brindes pop destes passem ao lado dos média, e que a letra de Kevin, declaradamente autobiográfica de todos nós, dê que pensar a tão poucos por não ser ouvida.

*com algumas excepções: Mick Talbot (iniciado pelo combo mod, The Merton Parkas, e conhecido mais tarde pela cumplicidade com Paul Weller, nos The Style Council) que integra agora a re-banda, não chegou a visitar Cascais, por já ter debandado para os dissidentes The Bureau).

quarta-feira, janeiro 21, 2004

RESPECT



«Manhood» excertos
by Kevin Rowland

(...)
I feel rejection everywhere
Even when it is not there
And I admit, my God, I’m scared!
(...)
Although I hated myself
I also feel that I
I have to shine now somehow
(...)
Are you always feeling guilty?
(...)
Yes
I’m so scared that I plan my every mood…
But will I always be the stranger at the door?
(...)
I tried to love recently
I found I’m sick emotionally
What come out from my heart...
I didn’t know what to do...
(...)
I don´t think I can stand that loneliness no more!
(...)
Somewhere inside
There might be happiness
But I can seem to get it out
(...)
What is that you want to say?
(...)
I tried so hard to be a man
(...)
If it’s my manhood
Why is it that I can’t stand that loneliness no more?
(...)
It seems that if that’s the way my life’s gonna be…
Wait a minute!
I got a choice

-What’s that?

Spirituality!

Bitchy!


domingo, janeiro 18, 2004

Venha ao dIABO!



Paulo Dias, homem forte da Animateia, a inventar o novo teatro ali para os lados da Amadora, fará o impossível! Impossível, como alguém disse, transformar esses teus psico-romances em peças ou filmes!
Pois bem, veremos, eu próprio verei!
Já há uns tempos o Paulo abordou-me no sentido de adaptar a minha novela urbana interactiva «Venha o dIABO e Escolha...», escrita online nos finais de 2001, e editada em papel pela Oficina do Livro em finais de 2002, numa versão já por si adaptada. Eu fiquei curioso, e espantado: como é que alguém teria encontrado o fio à meada, naquela desconstrução psicótica de série urbano-alfacinha? Já falei com o Paulo várias vezes, mas prefiro continuar curioso e não saber mais. A certeza que tenho é que o Paulo Dias é um dos novos encenadores do teatro independente e amador português, a viver nos círculos exteriores de Lisboa, e só por isso já tem a minha atenção.
A primeira «apresentação» da peça, uma espécie de evento/ante-ante-estreia, é no palco do Lótus bar, em Cascais, sábado 31. Será que o candidato X vai aparecer? Ou o próprio autor?

quinta-feira, janeiro 15, 2004

non pensamento do 1/2 dia

«Todo o ser, ao ser, afasta-se dos seus princípios desde o seu princípio e aproxima-se dos seus fins ao aproximar-se do seu fim».
not-Confúzio

quarta-feira, janeiro 14, 2004

O STATUS DANAÇÃO#2

Não adianta que seja um livro ou um disco a distrair-nos daquilo que parece má ficção europeia. Não vale a pena enfiarmo-nos horas seguidas em salas de cinema, pois quando enfrentamos a luz do dia, ou a dos candeeiros, o país está lá na mesma, e na mesma. E quanto à TV-alienação da nação, já há muito que ultrapassou o próprio dia-a-noite do cidadão comum. Então, desde o desabafo «enresinado» ao comentário resignado(?), tudo vale na colecção STATUS#:

A TVI fala sobre o prepúcio de Carlos Cruz(ou a ausência dele) em Horário «Nobre». De(sa)gradante. Devia-se arranjar outro adjectivo para o horário de grande audiência. Talvez, como a maior parte das gentes deste país que está a ver TV a essa hora, Horário Pobre? Respira-se melhor em 2004? Sente-se, de mansinho, a recuperação económica de que falam os novos do Restelo? Eu sinto. Um bocadinho. Nada que não seja contrariado pelo dia-a-dia nacional... Cada vez ouço mais gente que prefere vender o seu país ou tornar-se parte de outro para melhorar a sua condição social, já completamente incrédula em relação ao futuro deste cantão. Será da depressão? Pensem, um dia, mais velhos, já poderemos dizer - em inglês, obviamete - I survived the great portuguese depression, back in those dark years in the beggining of the 21st century. Curiosamente, serão os mesmos que também poderão dizer - man, how I spent and spent in those late eighties, everybody was having a good time! Somos sempre os mesmos? Sim, a falar. Durão Barroso, realista, diz-nos que são inconscientes aqueles que julgam que Portugal não deveria continuar nos «embarcanços» desta Europa. E que também são inconscientes aqueles que julgam que o Mundo Melhor é possível sem a Grande Aliança entre a Europa e os E.U.A..... Paradoxal? Nem por isso, mas eu sou daqueles que julga que é possível, inconscientemente, e com o apoio dos EUA, não embarcar nesta Europa cada vez mais asfixiante e sem diferenças. E penso que a Inglaterra a Espanha também poderiam pensar isso, e todos juntos mais o Brasil e os PALOPS poderiam também pensar isso muito mais e melhor. Cantinho feministo-machista: uma mulher à frente do SIS. Os Homens demoraram a perceber que qualquer Mulher estará muito mais destinada do que qualquer um deles para tão intromissor cargo.Está de parabéns Manuel Falcão, apesar do veneno instigado pelas más línguas: a 2 é uma aposta ganha, certeira e moderna de serviço público. Nunca exigi que o ministro Morais Sarmento me pagasse uma viagem à volta do mundo (sei o que é uma metáfora) e sempre achei que o Acontece já tinha realmente Acontecido há muito. Anuncia-se também um programa com entrevistas e música nacional ao vivo, vindo directamente da RDP. O bom trabalho iniciado por MF deve ser apoiado e continuado, mesmo contra as opiniões da elite mediática arrogante que não pensa por si, mas pelos princípios estanques e ultrapassados da cartilha francesa de 68 e da ideia de cultura de então. E que qualquer dia até quer eleger Carrilho para a CML! Não é nada difícil prever que o RockinRio será sem dúvida um grande acontecimento mediático mas que as bandas que vale a pena ver estarão todas no Super RockinLisbon. Até porque, ir ao palco principal e apanhar com um vencedor de um concurso televisivo não deve ser nada agradável... Imperdível será o concerto dos Kraftwerk, a 2 de Abril, no Coliseu de Lisboa. Embora tardia, é uma estreia à qual não se deve faltar. Mas... Não! Os Kraftwerk são bons alemães!

The Modfather




Há relativamente pouco tempo, a melhor rádio nacional fm de música internacional (a Radar, claro) começou a incluir insistentemente na sua «playlist» as canções do Sr.Paul Weller, que não é propriamente um novato nestas andanças...

Paul Weller é um dos mais importantes compositores ingleses de sempre, disso não tenhamos dúvidas. Cresceu do punk/new wave de 76 como poucos cresceram - sem no entanto cristalizar demasiado como um Elvis Costello, por ex - tornou os The Jam numa das maiores referência de sempre do rock/pop/soul inglês, coloriu o cinzentismo britânico dos anos 80 com os fabulosos - inovadores e incompreendidos- The Style Council, e reergueu-se quando muitos o achavam acabado («Has my fire really gone out?») - para uma notável carreira a solo, contra tudo e todos. Pessoalmente, Weller foi o meu compositor contemporâneo, depois de Bolan e antes de Cope, trespassados todos pelo Bowie de saltos altos e baixos e pelos incontornáveis Brian Wilson, Van Morrisson e Morrissey, só para citar alguns de muitos. Além do mais, a consciência política de Weller sempre o pôs à frente de muitos outros fogos fátuos («Keep on Burning»). Volto a dizer, para mim só é possível compreender a história da cultura pop dedicando um capítulo inteiro a este senhor, que é hoje em Inglaterra um valor nacional reconhecido que conseguiu unir gerações.

Porque é que Weller foi sempre ignorado em Portugal? Será que a sua costela mod o tornou num fenomeno local, incompreendido pela cultura pop portuguesa, se é que tal existe?

A Radar passa Weller, e o ano passado, no concerto do Joe Jackson (Lisboa, Aula Magna), vi um miúdo cum uma parka e uma target t-shirt com o logo dos THE JAM. Nunca nada está perdido...



PS- As carreiras longas têm altos e baixos. É por isso que são longas. Hoje, no Blitz, o Sr.Jorge Mourinha analisa «O Caminho da Felicidade II», dos Delfins, com uma perspectiva pouco desenvolvida sobre o fenómeno do sucesso e do fracasso (que é uma coisa que a mim me fascina, pessoalmente - assunto já espelhado no meu 1º livro «A Queda de um Homem»). Sempre me fascinei com as voltas e trocas que afectam as carreiras artísticas, da pintura à literatura, mas especialmente na música popular, onde nomes como o próprio Weller, Brian Wilson, Scott Walker, Julian Cope, Elton John, Lou Reed e os próprios Stones me têm fornecido muita matéria de atenção. Mas antes de proclamarem generalidades genéricas- e de darem sugestões infantilmente descabidas - talvez os nossos críticos, que vivem nos seus escritórios e lares (e neste caso nalgumas salas de cinema eh eh), devessem ter acesso às tão em voga análises de mercado, elaboradas pelas empresas competentes para o efeito. Muito boa gente iria ter algumas (des)agradáveis surpresas em relação às opiniões dos portugueses...

domingo, janeiro 11, 2004

PARA VARIAR, A (enorme) REPORTAGEM FOTOGRÁFICA...

da apresentação, na LuxDeco, do stand temático da 3arch/Mil Ambientes onde decorreu a apresentação de «3 canções de Timidez para varão e bailarina». Histórico.

StandUP
StandUP
StandUP
StandUP
StandUP
PuffRomance
PuffRormance

Bem, será melhor parar por aqui?... OK, agora um momento mais «sério».

theCrow

E já agora um pouco de «arte», exposta na iniciativa.

Art
Art
Art
Art
Art

Mas também um pouco de social...

Je7

E luxúria!

LuXXX

sábado, janeiro 10, 2004

BRIAN IS GOD



Antecipando a estreia absoluta da Tour 2004 de «Smile», onde Brian Wilson apresentará ao vivo aquele que foi o seu álbum maldito, é lançado em DVD o concerto de «Pet Sounds» em Londres.

Sobre «Smile», desfragmentado e polido nos álbuns seguintes dos Beach Boys, ficará para sempre na história da música popular como a tentativa falhada de igualar o esforço de «Sgt. Pepper's...», do outro lado do Atlântico, por entre depressões e excessos da época sessentista. Não deixará de ser emocionante ver Brian a tornar isso possível, ao vivo - coisa de que o concept dos Beatles nunca gozou.

Quanto a «Pet Sounds», recordo-me da viagem propositada a Glasgow para assistir à estreia, em anglo-território, do regresso de Brian a palcos da Grã-Bretanha, 30 anos depois...
Primeiro lembrei-me de Amália, e daquelas ovações em pé à entrada no palco do Coliseu de Lisboa, como se antes do espectáculo se aplaudisse não o resultado dele, mas a viagem de uma vida.
Depois esqueci-me de Amália, é claro, porque aqueles sons californianos, melosos e psicadélicos, sempre me disseram muito mais à distância.

(Dos Beach Boys e dos Beatles não me agradam muito os primeiros discos, o que acontece também com Elvis Presley. Para mim, foi a sua «contaminação» que os tornou mais interessantes. O que é raro ver hoje em dia, nas carreiras dos artistas contemporâneos, com muito poucas excepções.)

Briam Wilson esteve horas em palco no SEC Auditorium, mas quase sempre longe, sozinho com 6 mil, ora lembrando a morte dos seus irmãos, ora surfando sentado num piano em que muito pouco tocou. Foi inesquecível, e valeu bem a viagem. No dia seguinte, num clube local, «apanhava» os entusiasmados Pearlfishers, devotos incondicionais da obra de Brian, assistidos à plateia pela Isobel dos Belle&Sebastian/The Gentle Waves. Éramos 100.

(Ainda consegui visitar The Burrel Collection e apanhar aquela chuva dos campos, discutir à lareira com um homem de saias, membro da Burns Society - reunida anualmente em memória do poeta nacional resistente - e sentir nas suas palavras sábias de História a proximidade da resistência medieval portuguesa face ao pai espanhol.)

As viagens afortunadas que podemos fazer, de vez em quando, para assistir a concertos da nossa vida, deveriam ser uma modalidade regular e obrigatória para a nossa educação social. Acho mesmo que está na hora de fundar um clube que se dedique a isso, sem organização organizada. Um klub, portanto, onde todos são livres de organizar o seu tempo de intervalo em viagens de sonho. Só para aficcionados, claro! God knows that I just was made for these times...

sexta-feira, janeiro 09, 2004

PORTUGAL 2004

Professional Jealousy-Van Morrisson

Professional jealousy, can bring down a nation
And personal invasion, can ruin a man
Not even his family, will understand what's happening
The price that he's paying, or even the pain

Professional jealousy, started a rumour
And then it extended, to be more abuse
What started out as just, black propaganda
Was one day seen to be, believed as truth

They say the truth is, stranger than fiction
But a lie is more, deadly than sin
It can make a man very, bitter and angry
When he thinks that there's someone, is going to win

Professional jealousy makes other people crazy
When they think you've got something that, they don't have
What they don't understand is it's, just not easy
To cover it all, and, stand where you stand

Professional jealousy, makes no exception
It can happen to anyone, at any time
The only requirement is, knowing what's needed
And then delivering, what's needed on time

The only requirement is to, know what is needed
In doing the best you know how, deliver on time
The only requirement is, to know what is needed
Be best at delivering the, product on time.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

1-2-esq-dir...

Nos «Duelos Imprevistos», SIC Notícias, Ana Gomes e Mª José Nogueira Pinto debatem a polémica do aborto. Pinto é brilhante, Gomes atabalhoada e demagoga. Custa a muita gente (a mim já custou mais), mas é notório que o mistico-racionalismo neo-humanista(?) da direita em 2004 silencia facilmente os tiros para o ar causados pela debandada dos ideais de esquerda nos anos 80...
Pinto pôs o ponto nos ii: trata-se, hoje em dia, de um conflito de interesses entre o novo ser e o seu portador. O embrião, com todos os progressos que se fizeram nos últimos anos em bio-muitas coisas, ganha cada vez mais o estatuto de ser humano. Gomes dá primazia ao ser humano mais velho em detrimento do futuro-ser-no-exterior. Mas então... Não esqueçamos que um embrião já tem direito às heranças materiais dos seus progenitores, caso o pai (ou mesmo o pai e mãe, numa gravidez avançada) «parta» antes do seu nascimento!
A verdade é que defender os direitos do embrião é politicamente incorrecto e socialmente perigoso: põe-nos em conflito com os nossos contemporâneos, e com os seus problemas dramáticos, à custa de defendermos uma geração da qual seremos avós, sabe-se lá com que consequências! E isso a esquerda não esquece, pois quando chega a hora de contar os votos...
Ou seja, o misticismo genético-existencialista(uau!) da raça humana fuma-se agora na ala direita, pois o neo-liberalismo político assentou arraiais à esquerda. O caminho? The only way is up! Coffeeshops, !

quinta-feira, janeiro 01, 2004

em DESconstrução

Noites de fantasmas, as que antecedem o ano novo... O colega de primária que aparece de cabeça no ar com uma - muito pouco - amiga americana, depois alguém que confessa ter estado e feito parte de uma plateia que em 87, aos xutos, escarrou sobre a banda de abertura (mais concretamente o cantor, embora sem acertar), ainda as conversas de início de manhã sobre o estado da nação... O ano tuga acorda com a carta anónima que envolve o PR e o Mr.Europe na teia de nomes que se perdem nas redes de uma investigação «terramótica». A última das teorias da conspiração inventa a autoria da casa, para acabar de vez com o processo. A primeira continua a desenrolar contra processos. No way out.
Enquanto isto, e a planear cada vez mais a fuga ao vazio para um outro plano de solidão assistida, começo a elaborar a lista de 2003 que engloba discos, filmes, livros e o que couber para, em jeito de balanço, me despedir definitivamente do ano mau sem me esquecer daquilo que o tornou momentaneamente bom. Segue dentro de momentos internos.