domingo, outubro 31, 2004

1974







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O Mundo Não Ouvirá - claro como água turva



Alguns iluminados fazem depender o futuro do mundo das eleições americanas (será que conheceremos o resultado daqui a... 3 meses?). Como em tudo, também nesta disputa presidencial existe uma moda, um politicamente incorrecto correcto, bem visível por toda a europa neo liberalizada. Tanto que até irrita ao ponto de...?
O «Inimigo Público» é um dos melhores suplementos de humor fabricados em Portugal. Sem dúvida. Humor inteligente, àparte meia-dúzia de colunistas em casa própria que constituem a parte mais fraca do suplemento. Para comemorarem 1 ano de existência editaram há pouco, com o jornal, um livro best of e realizaram uma Gala num teatro de Lisboa. O livro é altamente aconselhável, na mesma medida que o «Inimigo Público» em Gala foi a coisa mais «assustadora» a que pude assistir ultimamente. Se bem que os mais notáveis e jovens profissionais de humor e televisão do momento se unissem no palco e em por vezes brilhantes sketches, quer por um associado de cómicos Levanta-te e Ri+Herman Sic, quer até pelo Gato Fedorento - o assustador estava mesmo na assistência, e numa espécie de celebração jocosa e tendenciosa da resistência política em Portugal.
Na plateia pública de notáveis convocados pelo Público, entre Eduardo Prado Coelho e sorrisos amarelos, algumas not so pretty faces e a presença sempre comichosa (para não haver lugar a insulto) de Rui Zink, o espírito era qualquer coisa como «não somos poder mas os outros são porque são tããão estúpidos, tão pouco inteligentes e sagazes, tão alvejáveis...». As farpas dispararam na direcção deste governo e seu 1º ministro - so obvious - e do PSD-PP-PS... Embora o humor do suplemento seja global, na gala escusou-se a ridicularização, por exemplo, do PCP e do Bloco. Ou seja, dava a impressão estarmos a assistir a uma troupe Monty Phyton engagé e parcial. E não é uma boa visão acreditem, estes young & old angry young man and woman, que por não conseguirem resultados politicamente celebram a sua certeza humana e avanço intelectual em efemérides deste género. Fica essa impressão, ao observador anónimo.
Fica também a impressão que só a geração que agora entra na adolescência irá mudar definitivamente o rumo deste país. Só esses nunca ou pouco aprenderam e já esqueceram a lição da revolução de Abril e o sonho desfeito de 75, com todas as frustrações implicitas. Só esses já perceberam que o mundo é realmente um lugar global para se viver. Só esses não querem saber do recalcamento como estranha forma de vida. Só esses podem apagar, correctamente, do seu dia-a-dia, a postura dos velhos e novos do Restelo, da mesma forma que incorrectamente a querem apagar dos manuais.
Mas nunca fui muito de esperar por novas gerações, nem de hipotecar o meu tempo terreno à custa do impossível. E para mim, neste momento, é claro como água turva que há uma maneira de contrariar tudo isto: não achar piada. Repito: não achar piada. O que não é difícil, devido ao próprio teor de alguns destes sketches... Não me esforçar para rir, para aceitar as directivas que nos querem impôr em termos de pensamento social aceitável. Por isso, estou-me bem nas tintas para as eleições americanas, ganhe o pateticamente feroz Bush ou o desossado looser Kerry. Eu conheço os resultados da nossa democracia e aceito viver com eles. Não pretendo reescrever o passado quanto mais o presente! E as Horas Perdidas começam desde já a sua segunda fase na blogosfera, como reacção ao estado «danação». A vida é muito mais séria do que os desiludidos e eternos ressabiados so very much left wingers nos querem fazer crer e...
E chega o fim do dia e é nos universos pessoais dentro dos universos globais que realmente vivemos. Lá fora, lá fora a chuva cai e não nos molha cá dentro.

sexta-feira, outubro 29, 2004

Sampaio vs. Sampaio

A revolução será bloguizada?
Carta-aberta à geração dos meus filhos
Meus Amigos: Confio em vocês. Sou a favor do fosso intergeracional e adoro que os mais novos não concordem com os mais velhos. As sociedades avançam por rupturas, as famílias crescem emocionalmente quando se confrontam sem se afrontarem. Cresci numa família democrática. Os meus pais estimulavam a discussão com os dois filhos e não se importavam de gastar horas a defender os seus pontos de vista. Foi assim que aos 12 anos comecei a entender a democracia, quando o meu irmão, sete anos mais velho, me explicou Humberto Delgado. Não quero recordar-vos Salazar e Caetano. Sei que isso está fora do nosso (meu e vosso) tempo. Apenas quero reivindicar uma coisa: os corajosos da minha geração fizeram o 25 de Abril de 1974 para que vocês, geração dos meus filhos, crescessem em liberdade. Quando digo a alguém da vossa idade que, há trinta anos, não se podia dizer tudo o que apetecia, quase não acreditam. Compreendo: viveram a poder exclamar o amor e a saudade, a ternura e a raiva. Quando queriam, puderam romper, sem medo, com tudo com que não concordavam. É por isso que peço para estarem muito atentos. Não uso frases do passado, género «fascismo, nunca mais» ou «a democracia está em perigo». Não é verdade, e são expressões que vos causam tédio. Quero apenas dizer-vos que, se não ousarem, falharão no essencial: deixarão de construir uma sociedade melhor para os vossos filhos (nesse aspecto, os «velhos» não falharam, vive-se hoje bem melhor do que na juventude dos meus pais). Pois bem: vejam o "governo" da República. Portugal transformou-se no paraíso dos humoristas. Existem tantas graças sobre os nossos "governantes", que se atropelam nas cabeças dos criativos de humor. E se tantas vezes não sabemos se a «Sit Down Comedy» de Luís Filipe Borges, neste jornal, ou as páginas do Inimigo Público são notícias a brincar ou descrições realistas, a verdade é que nos assalta a certeza de que Portugal vai mal. Nesta semana vi estudantes espancados e a levar com gás, como era habitual no meu tempo, mas julgava impossível no vosso tempo; ouvi o director-geral das Prisões a propor a redução das visitas aos presos, para melhorar o problema da droga no sistema prisional; e indignei-me com o ministro da Presidência a falar dos limites à independência, a propósito da televisão pública. Se deixarmos estes factos sem protesto, o risível "governo" que temos proporá mais: voltarão os jactos de tinta e mais prisões sobre estudantes; serão definitivamente proibidas as visitas aos presos, e o problema da droga no sistema será resolvido; os directores de programação das televisões e os directores de alguns jornais reportarão directamente ao ministro da tutela; o insucesso escolar acabará, graças a um despacho da prof. Maria do Carmo Seabra: todos os alunos com duas negativas no Natal serão automaticamente expulsos da escola. E o "governo" continuará a sorrir, centenas de conselheiros de imagem ajeitarão as gravatas dos ministros e o cabelo das ministras, todos dirão que tudo vai bem. Sei que vocês não aguentarão mais. Ouço-vos em toda a parte, por enquanto em surdina, em breve até que a voz vos doa. E por isso vos peço: ajudem a derrubar este governo. Pela verdade e dignidade da vossa geração. Para que, tal como os vossos pais quando contaram 1974, possam dizer aos vossos filhos: sabes, fizemos um segundo 25 de Abril, só com arte e coragem, e o governo foi--se embora. Com toda a v(n)ossa força
Daniel Sampaio

Sampaio compensaria concerteza a chamada «falta de acção» de seu irmão... E depois quando se começa uma carta aberta com «Meus amigos»... Mas quantos amigos julgamos «nós» que temos?
Simpatizando e concordando parcialmente com o teor - na sua teoria - in extremis não posso deixar de vislumbrar o mais negro do perfil de quem vive ainda nos rastos do passado. É que a Oeste nada de novo. E a verdade será a verdade, ontem, hoje e amanhã? A liberdade será a liberdade, ontem, hoje e amanhã? El Cid que o diga...
Não, esta Revolução não será bloguizada. A Revoluçãotm está morta e enterrada, tal como esta geração a conhece(u)... (cont)
«Revolution Rock it is a brand new rock» J. Edwards.

I love foam

Aconteceu. Pensei que se tratava de um mito urbano, mas não. Só à terceira «garfada» é que percebi que não, que o creme da barba não estava pouco consistente por a lata estar provavelmente no fim, mas sim, estava mesmo a fazer a barba com espuma de pentear. Acontece a muitos elementos do sexo masculino, disseram-me. Especialmente se se estiver alegremente a acompanhar o London Calling's «Revolution Rock». E não, não me penteei depois com espuma de barba.

terça-feira, outubro 26, 2004

O melhor disco de sempre da última semana



O 2º disco que os Strokes não souberam fazer? Um disco que os Killers gostariam de emular? Um disco de uns Libertines que funcionam? The next big thing? Para mim, é apenas o disco do meu momento.

sábado, outubro 23, 2004

BOYS BOYS BOYS



Enquanto uns se ensonam ali para os lados do Coliseu, outros rumam a Alcochete, à espera desde o cancelamento do Atlântico. No Freeport o espaço é perfeito para a estreia de Neil e Chris em território nacional, esperando-se também o conceito multimédia. E acreditem que a trilogia deste mês é estranha: Magnetic Fields - Pet Shop Boys - Rammstein. Sem preconceitos, mas com atenção - pose - suor, em correspondência.

quarta-feira, outubro 20, 2004

... e em 72 (gulp!)?



O que é que estavas a ouvir em 1978?



women and children first

e esta, hein?

sexta-feira, outubro 15, 2004

hip hop charlie


apostava a minha alma pop que vai ser o êxito radiofónico da estação: j-five feat. charlie chaplin «modern times». mais um caso de necrofilia? sim, mas não. porque a voz de chaplin naquele tune de «Tempos Modernos« tem uma vida que dificilmente a morte física apagará. j-five, frenchman singing in english apostou no mercado mundial e acho que se vai sair bem. o tema fica na cabeça antes da primeira audição. o video está muito, muito bem feito, bom gosto qb. e aposto que todos vamos estar a assobiar e a cantarolar isto, mesmo que odiemos, nas próximas semanas. a isso chama-se um êxito pop. salvé, chaplin, o maior de todos!
When Chaplin sang this song in Modern Times, it was the very first time that the world heard his voice, after 2 decades of silent pantomime.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Read Read Read




É espantoso como Coupland, sem nos surpreender, continua a transformar-se no melhor escritor americano vivo. Que belo livro, que bela história. Dificilmente se farão filmes dos livros de Coupland, a não ser em futuros festivais underground do cinema americano, primeiras obras, etc. Mas «Eleanor Rigby» - o seu segundo romance a ser nomeado por uma canção pop, depois de «Girlfriend in a Coma» - consegue maravilhar-nos cinematograficamente na junção do seu e nossos interiores. Este homem é o melhor cronista dos nossos dias invisíveis e contudo com os pés tão bem assentes nas páginas.... É bom acabar de ler um livro assim. Procurem a tradução, daqui a algumas dezenas de dias, que vale bem a pena, até como desintoxicação dos 30 volumes related to «O Código Da Vinci»... Que bela pequena grande história, maravilhosa e desgraçada como a vida e a morte humanas, nas equações baralhadas da cronologia do tempo (Coupland, o seu inventor, muito antes de Tarantino) que nos deixam positivamente emocionados/motivadoos com a vida que temos que saber viver, para lá da nossa compreensão ou devoção - que é a falta dela. De que é que fala o livro? Os livros não são para se contarem por outros, ou os queremos e lemos ou não.
Agora, a espera até Dezembro 2005, para ainda antes do Natal ou do Ano acabar e de um qualquer cometa nos brindar com a sua de x em x anos passagem, podermos utilizar o seu «jPod». Tempo...

terça-feira, outubro 12, 2004

Arde...

Ainda sobre o caso Marcelo/TVI, por Eduardo Cintra Torres.

O caso é simples desde o seu começo, desde as palavras impressas e escutadas do ministro, sinal suficiente para que Paes do Amaral tentasse, à cautela, acautelar a posição da Media Capital em mais um negócio chorudo de sobrevivência. Pressão indirecta? Talvez. Mas somos «livres» para interpretar os sinais do modo que achamos conveniente e agir segundo isso. Paes agiu como qualquer empresário da alta roda reagiria em qualquer parte do mundo: zelou pelos seus. Marcelo foi apanhado, apanhando-se voluntariamente a si próprio, mestre em teorias da conspiração. Criou o maior facto político de todos aqueles que comentou livremente nos últimos 4 anos e meio na TVI. É uma saída em grande, no clímax da sua prestação televisiva.
Tal como o PS fez no passado, este governo fez também o que fazem todos os outros, e fariam ainda outros de qualquer outra força política (saberiamos bem como reagiria o PCP...). E o ministro dos assuntos parlamentares reagiu como reagiria qualquer outro empresário da alta roda: zelou pelos seus.
A liberdade está na cabeça das pessoas.


Liberdade.


arde
arde
sincero silêncio
a liberdade só tem um momento

arde
à vontade
alta procura
fica a saudade
ai que não tem cura

canta
canta
a chama da vida
a liberdade está quase perdida

canta
à vontade
alto e bem sem medo
é a saudade
quem guarda o segredo

calma
calma
que já se avizinha
a liberdade voltando sozinha

vem
à vontade
que eu espero acordado
tenho a saudade sempre do meu lado.

(P.A.M. in «Palavras ao Vento»)

segunda-feira, outubro 11, 2004

Still punk...



after all those years.

Se bem que tivesse rapidamente transitado para o «punk» claustrofóbico dos The Stranglers, e logo depois para o «punk» revivalista dos The Jam, guardo num lugar especial da minha discografia um dos discos mais inteligentes de sempre: «Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols».
Desde que este vinil chegou - com a sua enorme capa amarela! - que as coisas nunca mais foram as mesmas... Mas podem os discos mudar rumos, contrariar correntes de vida? Claro, mas não é para todos.
Hoje todo o fenómeno de então pode dar até origem a teses académicas, livros sérios, excelentes fotobiografias e as maiores das teorias da conspiração envolvendo Malcom McLaren (o manager-maravilha), Johnny Rotten e o movimento Situacionista. Mas hoje também são as canções que continuam a valer, de um álbum único que conseguiu como nenhum outro misturar a música certa com a atitude certa. Sim, porque o punk era e é afinal uma atitude, de independência, de do it yourself, de teimosia e arrogância. Mas de verdade. E este disco continua tão punk como no dia em que saiu e abanou primeiro o reino Unido e depois todo o mundo musical e social.
Nunca nenhum grupo foi tão face-to-face com o vampirismo da indústria musical e própria noção de carreira. Daí Rotten ter acabado a cantar «No Fun», daí se terem «reformado» nos anos 90 na Filthy Lucre Tour, daí Rotten agora Lydon ter desistido de um reality show de celebridades quando já tinha praticamente ganho o concurso. Paradoxal? Não. Simplesmente punk.
Talvez tenha existido apenas um disco verdadeiramente punk em toda a história da música, e será este. Tudo o resto (The Clash, Ramones, The Damned, e depois de Exploited até Offspring, passando por Dead Kennedys e Rancid, porventura desaguando em Mick Jones' The Libertines) é «apenas» rock'n'roll...

domingo, outubro 10, 2004

o fim é a mensagem?

Juan Luis Cebrián, na Pública, por Adelino Gonçalves.
P - Que efeitos vão ter todas essas mudanças nos jornalistas?

R - Já estão a ocorrer. Se olharmos os espaços da "television basura" [telelixo], é frequente ouvirmos muitos dos seus apresentadores dizerem: "Somos jornalistas, defendemos a liberdade de informação"... Costumo dizer que se esse senhor ou essa senhora são jornalistas, então eu tenho uma profissão diferente. A profissão de jornalista está a transformar-se e vai transformar-se ainda mais. Penso que essas mudanças ocorrem à medida que vai mudando toda a construção da democracia política burguesa. Ora nem nós nem os partidos políticos nem os governos temos consciência disto. Há uma espécie de gueto constituído por governantes, políticos e jornalistas, o qual não se dá conta de que a democracia representativa ameaça afastar-se da realidade social. Penso que este é um grande desafio. Os "media" adquiriram uma grande posição na mediação social. Por isso os governos têm tanto medo dos "media", que em muitíssimos aspectos são mais importantes do que os partidos políticos. Ao mesmo tempo, há uma desvalorização da política produzida pelos mesmos "media" e pelos mesmos jornalistas.
é um desporto pessoal, nem sempre com as melhores consequências pessoais... não é desconversar, mas sim atiçar com um discurso redondo, cheio de lógica, e contrário ao pensamento dominante, chocantemente reaccionário, como se fora verdade absoluta. no melhor dos casos despoleta uma agradável discussão que pode durar muitos minutos. no pior deixa uma péssima impressão no receptor, se não reconhecermos a sua frequência (sabemos sempre com quem falamos?). mas vale a pena arriscar e é daí que nascem muitas novas ideias para work in progress. mas daí até...

sábado, outubro 09, 2004

rope 2

a maré continua a mudar em st. louis: kerry soube atrapalhar bush logo desde o início neste 2º debate presidencial: até se engasgou da primeira vez que quis pronunciar berlusconi... kerry teve até agora a melhor frase para fazer esquecer o seu triste epíteto wrong war, wrong place blah blah blah, e saiu-lhe bem: the military win the war, but the president must win the peace! bush também atirou o seu you can run but you can't hide. empate técnico? mas bush irritou-se com facilidade um par de vezes, ao pior estilo nixon vs. jfk. será que as pools serão afectadas? kerry mente que nem um sonhador, sabe que é isso que o pode tornar vencedor. os republicanos começam a tremer, agora é que vão ser elas. next pr. debate? primeiro o 2nd vice-pr. debate. edwards não vai perder este carreirinho...
(esta história de quem ganha a quem, nos debates, tem muito que se lhe diga. no 1º debate tanto eu quanto os comentadores da sic news achámos, in loco and time, que bush tinha ressuscitado. no dia seguinte toda a outra gente dizia o contrário, munidos de sondagens. desta vez foi para mim instantânea e clara a vitória de kerry, e logo pela cnn chegava-se à conclusão de que bush tinha estado melhor e muito melhor(?!) que no 1º debate. eu vi e ouvi com estes olhos e ouvidos que os caracóis hão-de comer...)

quarta-feira, outubro 06, 2004

give 'em enough rope

ontem em ohio houve uma pequena troca de maré, uma lua enganada que pode muito bem - se ainda a tempo - ter dado origem a uma brisa fundamental para a verdadeira mudança dos ventos nas pools. edwards convenceu como kerry não o faz, cheney esteve muitos pontos abaixo do «novo» w.bush. aliás, não fora a competição interna dos democratas ter sido «atraiçoada» pelas sondagens e hoje edwards seria o candidato à presidência pelos demos e a vitória certa destes sobre w.bush - mas a vida política tem destas coisas. não é só pela public image que edwards ostenta com suceso - uma espécie de michael j. «all in the family republican» fox! - mas também pela clareza das suas exposições, pela frontalidade e por ser o sucessor óbvio da trilogia americana jfk-clinton-... mas kerry é que será a cara - e que cara! - da oposição, e é a ele que cabe a dura tarefa de, em guerra, convencer o povo norte americano que será um melhor commander chief que w.bush. e isso não é tarefa fácil, porque de guerreiro kerry não tem nada...
mas será que a audiência de um debate de futuros vices terá sido tão alta quanto a do debate presidencial? duvido, embora tivesse sido claramente superior em conteúdo. o que na big amerika pode ser uma desvantagem...

domingo, outubro 03, 2004

lookalikes



(muito mais que) pub



«Sickcom», de Hugo Amaro
Parque Palmela - Auditório Fernando Lopes Graça

23-09-2004 a 03-10-2004
5ª-Dom: 22h00

Grupo Azul Ama Vermelho
Maria Galhardo (Actriz)
Hugo Amaro (Actor)
Rui Mourão (Actor)
Selma Cifka (Actriz)
Isabel Simões Marques (Actriz)
Hugo Amaro (Encenação)
Joaquim Magalhães (Guarda-Roupa)
Hugo Amaro (Texto)

Sickcom tem cinco actores, cinco microfones, cinco círculos coloridos.
Sickcom apresenta situações aleatórias, fragmentos de discursos, discursos feitos a partir de fragmentos.
Sickcom é um espectáculo que nega essa mesma premissa; um anti-espectáculo.
Sickcom toma as drogas sintécticas como ponto de partida mas é incapaz de definir um ponto para a chegada.
Sickcom é uma comédia que não consegue sê-lo; porque é amarga, e perturbada, e cheia de náusea.
Sickcom é a ressaca, a alucinação, a paranóia e a ausência de um discurso inteligível.
Sickcom está repleta de incoerências, contradições, inutilidades, histerias e maus fígados.
Sickcom é absurdo, feito de estilhaços, esquisitóide.
Sickcom é um produto frustrado; é um retrato vazio porque é incapaz de encontrar uma substância.
Sickcom é o mais cínico que consegue.
Sickcom é a alienação no seu estado mais imberbe, fútil e estupidificante.
Sickcom cumprirá o seu objectivo se ao terminar não houver sequer um espectador na assistência.

Acaba hoje e é uma pena se não a forem ver se ainda não viram e se não a forem ver a correr. é um aviso sério: é a peça original portuguesa mais interessante que anda por aí desde... desde... desde... ainda vamos ouvir falar muito deste argumentista encenador e depois é tarde, depois é o facto de não terem presenciado algo no momento, algo que testemunhado tem o valor que tem, que é o de nos lembrarmos para sempre nas nossas vidas de momentos desta peça e das suas implicações no nosso tempo interior.
uma peça dos nossos dias e nacional não aparece todos os dias. claro que está lá o ecstasy, claro que está lá a solidão dos inadaptados, claro que está lá a nossa esquizofrenia mais a dos nossos pares, claro que estão lá belas canções, do anjo da guarda de ana deus até ao kylie&cave, num dos momentos mais belos e lentos da peça. a peça é acutilante ao ponto de nos estar sempre a dar «chapadas de luva branca», às quais regimos com prazer e um reacesso brilhozinho nos olhos.
«paranoia will kill you», soprou-me uma actriz ao ouvido, depois de me oferecer mini-smarties no assento. eu ouvi «obrigada por terem vindo». mas que sick país mediático é este que se esquece de propagandear «sickcom» como a peça nacional mais relevante de toda a estação?!

sábado, outubro 02, 2004

time less is more

9.10.04_DF

Lying in my bed I hear the clock tick,
And think of you
Caught up in circles confusion -
Is nothing new
Flashback - warm nights -
Almost left behind
Suitcases of memories,
Time after -

Sometimes you picture me -
I'm walking too far ahead
You're calling to me, I can't hear
What you've said -
Then you say - go slow -
I fall behind -
The second hand unwinds

If you're lost you can look - and you will find me
Time after time
If you fall I will catch you - I'll be waiting
Time after time

After my picture fades and darkness has
Turned to gray
Watching through windows - you're wondering
If I'm OK
Secrets stolen from deep inside
The drum beats out of time -

If you're lost...
You said go slow -
I fall behind
The second hand unwinds -

If you're lost...
...Time after time
Time after time
Time after time
Time after time

ontem dia 1 dia d'Ela

eu, pessoalmente, não consigo viver sem ela. e sei que há muitos e muitas assim.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Bush & Estica


não digam que não eu previ que o socrates seria o próximo e sucessfull secretário geral do ps logo depois do guterres se demitir. e simpatias aparte, nestes debates é necessário ficarmos de fora e analisarmos as coisas a frio. bush ganhou definitivamente este 1º debate e aproxima-se do seu 2º mandato. há coisas que são mesmo assim. a oposição europeia ao bush faz-me sempre lembrar o nosso país em termos de média e os governos psd e psd/pp. está tudo contra mas o povo é que escolhe. e o povo americano vai escolher novamente o bush. ainda não é desta que temos uma portuguesa 1ª dama dos eua... calcanhar de kerry? wrong war, wrong place, wrong time.