segunda-feira, outubro 11, 2004

Still punk...



after all those years.

Se bem que tivesse rapidamente transitado para o «punk» claustrofóbico dos The Stranglers, e logo depois para o «punk» revivalista dos The Jam, guardo num lugar especial da minha discografia um dos discos mais inteligentes de sempre: «Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols».
Desde que este vinil chegou - com a sua enorme capa amarela! - que as coisas nunca mais foram as mesmas... Mas podem os discos mudar rumos, contrariar correntes de vida? Claro, mas não é para todos.
Hoje todo o fenómeno de então pode dar até origem a teses académicas, livros sérios, excelentes fotobiografias e as maiores das teorias da conspiração envolvendo Malcom McLaren (o manager-maravilha), Johnny Rotten e o movimento Situacionista. Mas hoje também são as canções que continuam a valer, de um álbum único que conseguiu como nenhum outro misturar a música certa com a atitude certa. Sim, porque o punk era e é afinal uma atitude, de independência, de do it yourself, de teimosia e arrogância. Mas de verdade. E este disco continua tão punk como no dia em que saiu e abanou primeiro o reino Unido e depois todo o mundo musical e social.
Nunca nenhum grupo foi tão face-to-face com o vampirismo da indústria musical e própria noção de carreira. Daí Rotten ter acabado a cantar «No Fun», daí se terem «reformado» nos anos 90 na Filthy Lucre Tour, daí Rotten agora Lydon ter desistido de um reality show de celebridades quando já tinha praticamente ganho o concurso. Paradoxal? Não. Simplesmente punk.
Talvez tenha existido apenas um disco verdadeiramente punk em toda a história da música, e será este. Tudo o resto (The Clash, Ramones, The Damned, e depois de Exploited até Offspring, passando por Dead Kennedys e Rancid, porventura desaguando em Mick Jones' The Libertines) é «apenas» rock'n'roll...