sábado, fevereiro 21, 2004

UMA VISÃO DO MAR

Dylan Thomas não estava lá, tal era a desproporção entre os seus campos irlandeses ébrios e aquele fim de tarde na calma salamandra junto ao estático albatroz. Das nuvens descia uma coluna em direcção ao mar que pouco depois sugava dele a tromba de água que se prepararia para voltar ao solo, horas mais tarde, já granizada para o embate.
Os olhos fixaram-se no horizonte, por largos instantes, uns nús outros vestidos com lentes de aumentar. Depois o céu a tons de azul forte mais o multi-arco debateriam com o mar as suas várias nuances de verde, sem consenso aparente mas em perfeita harmonia. E tudo voltava à-normalidade.
Dylan Thomas não estava lá, mas estavam lá o doc e o johnny, mais os putos e os outros mais e menos ou mesmo nada familiares - e no entanto, algo (n)os uniu para sempre debaixo daquela visão que foi mais muito mais do que uma sequência de momentos.
A mim não me interessa a poesia.