quarta-feira, fevereiro 25, 2004

PS

Devido a divergências geográficas, o autor deste blog estará ausente até ao próximo dia 10 de Março. Por isso, a inactividade será constante, nesse período.
De qualquer modo não deixem de visitar alguns dos links aqui encriptados, para os quais se pede especial atenção. Ou então sujem a parede aqui ao lado...
Como despedida sugiro uma reflexão: a nossa imagem invertida num lago. Chamem-lhe o que quiserem, chamem por Guinevere, mas procurem o outro lado. Eu vou procurar o meu bem longe daqui... (isto não é um post de auto ajuda).

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

PORQUE É QUE ESTAMOS TODOS A VOLTAR A IR AO FUTEBOL? pt.1

Campo António Coimbra da Mota, Monte Estoril, 22 Fev.2004.
Há coisas que mudam pouco. A bancada de sócios do Estoril Praia, por exemplo. A mesma lama, os mesmos treinadores de bancada, os mesmos insultos acesos aos árbitros, o mesmo (baixo) índice de presença feminina...
A mesma emoção, a mesma desilusão, os mesmos comentários ao sabor do resultado. No entanto, algo cresce - a possibilidade da equipa subir à 1º Liga é uma realidade, embora com algum cepticismo por parte da massa associativa. Nos camarotes voltam a sentar-se os mais endinheirados da linha, que, com sorte, saúde e trabalho nunca deixaram e deixarão de se divertir. A SAD Estoril promete, com a presença de Damásio, Veiga - um vislumbre de Pinto da Costa jr. - e outras tantas figuras do nosso tecido empresarial e social. É bom voltar ao campo. As claques Gruppo e Gruppa - punko-anarcas de esquerda, versejando «E quem não salta não fuma marijuana!» - cantam durante todo o tempo regulamentar. Ficamos todos mais próximos, seja com o grito da libertação (era assim que Ary dos Santos chamava ao GOOOOOOOOOOOLO!), seja com o insulto desportivo.
Este ano vou tentar não fingir que os Pixies fazem mesmo falta (a quem?), que o Rock in Rio vai ser o acontecimento do ano, que o futebol é só para acéfalos, que o governo está a fazer um mau papel, que não existem bias na imprensa portuguesa, que o MEC no Blitz vai salvar a crítica musical (mas não era a música que precisava de ser salva?), que as audiências continuam a ser um termómetro comercial, que a poesia acontece longe de um relvado calcado.
E vou voltar a ir ao futebol.

sábado, fevereiro 21, 2004

UMA VISÃO DO MAR

Dylan Thomas não estava lá, tal era a desproporção entre os seus campos irlandeses ébrios e aquele fim de tarde na calma salamandra junto ao estático albatroz. Das nuvens descia uma coluna em direcção ao mar que pouco depois sugava dele a tromba de água que se prepararia para voltar ao solo, horas mais tarde, já granizada para o embate.
Os olhos fixaram-se no horizonte, por largos instantes, uns nús outros vestidos com lentes de aumentar. Depois o céu a tons de azul forte mais o multi-arco debateriam com o mar as suas várias nuances de verde, sem consenso aparente mas em perfeita harmonia. E tudo voltava à-normalidade.
Dylan Thomas não estava lá, mas estavam lá o doc e o johnny, mais os putos e os outros mais e menos ou mesmo nada familiares - e no entanto, algo (n)os uniu para sempre debaixo daquela visão que foi mais muito mais do que uma sequência de momentos.
A mim não me interessa a poesia.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

AINDA O PORTUGAL-INGLATERRA...

Apesar de todos os esforços da Federação pt e demais entidades, as coisas não correram tão bem quanto os media nos quiseram fazer crer, em termos de segurança. Antes da entrada do público, o novo estádio assistiu à infiltração de dois elementos - aparentemente bombistas irradicais - que desmentiram o velho ditado popular «não há fumo sem fogo», como a prova aqui exibida comprova.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

FEEL FREE...



E, já agora, siga as instruções aqui.

Já aqui falei disto há tempos: a idade perdoa. De um lado perdoa a pirosice do Travolta com o seu fato branco sobre camisa preta e peito aberto, doutro perdoa os nossos preconceitos em relação às canções dos manos Gibb.

Vou-me sentir livre para aparecer, que já não vou em (outros) Carnavais...

terça-feira, fevereiro 10, 2004

I AM I AM NOT

Os mais reaccionários dirão: «Pois, pois, já agora deixem-nos fabricar as auto bombas dentro das salas de aulas...».Os mais pseudo tolerantes dirão: «É uma vergonha! Temos de nos integrar com as nossas diferenças e bla-bla-bla...».

Sobre a questão do véu islâmico, ou de outro símbolo qualquer que o aluno queira usar dentro da sala de aulas - seja de um clube desportivo ou de um partido político - a minha maneira de ver as coisas sempre foi igual e fora de época. Talvez porque acredite que uma sala de aulas serve para nos formar como indivíduos e não para exibirmos os nossos sinais exteriores de odediência. É nos nossos trabalhos práticos e teóricos que nos devemos afirmar, na discussão e na análise da matéria que nos é leccionada, mesmo se a pusermos em causa mais ao método, e não através do uso de amuletos ou vestuário que nos torne «diferentes» e «especiais».

Há muitos anos atrás, o Estado Novo defendia o uniforme nas escolas para a integração dos mais pobres, aqueles com menos posses para apresentarem diariamente roupas novas e lavadas . Hoje tal teoria seria ainda mais defensável se evitasse a exibição de marcas de roupas e calçado que envergonham os alunos que não lhes podem chegar, e que os faz exigir dos pais aquilo que eles não podem (e não devem) oferecer.

Uniformes... Retrógrado? Fascista? Calma, ninguém lhes está a pedir que cantem o hino! A verdade é que também, em muitas escolas, não é permitido aos alunos entrarem de piercings e cabelos colorados, roupas fora da moda convencional e lentes de contacto coloridas. Porque distrai da verdadeira razão d'A Escola, dizem.

A Escola é o espaço por excelência da nossa sociedade. Seria preferível que, pelo menos nesse estádio, o ser humano se apresentasse diferente pelas suas ideias e trabalho, e não pelo seu credo, clube ou partido, ou até pela sua tribo ou não-tribo! Que apreendesse liberto das marcas, do neo-liberalismo vigente, dos espartilhos criados por tudo aquilo que é imposto ao ser assim que ele escolhe ou é obrigado a escolher. Depois da Escola, cada um vai à sua vida, individualmente.

E, rapazes, não se esqueçam, «I love a man in uniform», já cantavam os Gang of Four que cantavam elas!

MUDDANÇA



Muitos de nós já conheciam a eXperiência Gabriel OD2, ainda não sabíamos é que se tinha tornado Nº1 na Europa!

A MUDDA tem um manifesto. Eu gosto de manifestos, desde o anti-D até qualquer outro que se proponha abanar, fazer ver aquilo que já se nos depara, irritar o politicamente correcto leftish do poder mediático, ou apenas poetisar surrealizando o presente social.

Talvez a única razão válida para nos deslocarmos ao festival brasileiro que os portugueses não conseguiram organizar em Lisboa, Peter Gabriel continua em demanda pessoal. E não muito diferente daquele Gabriel que actuava em Cascais, em 1975, na sua derradeira tour com os Genesis de Lamb Lies Down. Estava de saída, à frente, (muito) à frente de Collins. Como explicaria mais tarde, em «Solsbury Hill», «I was feeling part of the scenery / so I got out of the machinery...».

Gabriel não vê a realidade passar. Direcciona-a, por muito que isso custe a acreditar a todos aqueles que acham que o nosso destino já foi traçado por uma força gravítica endeusada. A muddança está (literalmente) no ar.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

RAPIDINHA DE 20 ANOS

Num dos blogues cujo link se encontra aqui ao lado, Via Rápida, um texto sobre os 20 anos dos Delfins, já publicado noutro blog que também se encontra linkado aqui ao lado, Nave dos Suspiros, desencandeou uma autêntica tempestade de comentários (127!), que além de baterem o record do blog iniciado pelo grande Álvaro Costa, «desfribilharam» o estado actual da música portuguesa em análise superficial e por vezes gratuita, tentando reanimar o seu passado recente.

Não deixa de ser curioso que a notícia prematura - afinal não é assim tão prematura! - do lançamento, este ano, de um cd intitulado «Delfins' Not Dead!» , feche esse grande conjunto de comentários. Por isso, aqui n'As Horas Perdidas, não terei outra alternativa - mesmo antecipando-me ao site oficial do grupo - senão referenciar um pouco mais esse futuro cd.

Sabendo que um blog não é mais nem menos que um blog, posso avançar que as bandas envolvidas são os Zorg, Anti-Clockwise, Hilikus, Sk6, Caveira, Whoz Next, Neverend, Aside, Sick Souls, The Vicious 5, Twenty Inch Burial, No Counts D.O.M., e porventura ainda mais algumas. Nota: gente ainda muito nova para estar de(sa)gradada por aspectos laterais da história da música e petit indústria portuguesa - incluindo o círculo vicioso da crítica xpecializada - de tal modo que não saiba reconhecer o valor e a independência de uma canção pop intemporal.

Volto a equacionar a importância das bandas citadas no supracitado post, pelo modo como despertaram, num blog de passagem rápida e obrigatória, tanto congestionamento de tráfego! Ainda bem.

Agora desculpem-me, porque de música se trata a minha vida p'ra já e pelo sempre, mas vou (re)ouvir atentamente os vinis dos Skids que me chegaram hoje da velha UK, o «Joy» e o «The Absolute Game + Strenght Trough Joy», da banda que muito antes dos Rammstein foi considerada «fascista» por certos «cérebros ligeiramente acéfalos» dos bithchy papers&magazines da altura mas do costume, incapazes de identificar e compreender a diferença entre estética e política na música popular.

Tal como muitos dos comentadores do mais uma vez referido post não o souberam fazer, entre o que é uma banda e quem é uma banda.