quinta-feira, março 11, 2004

PAIXÃO antes do tempo

Confesso que me entusiasmou mais a imagem lançada pelo João Lopes na TV - a de um Jesus Cristo herói gore - do que a polémica sobre a «culpa» dos judeus. É um daqueles filmes sobre o qual parece que toda a gente já tem opinião formada antes de o ver. Eu também. Para mim, a Paixão de Gibson não deve andar longe do épico Braveheart, com a mesma violência e apenas com mais, muito mais sangue. E a mesma ligeira falta de arte, em detrimento do excelente produto cinematográfico.
Há, contudo, algo que me intriga: se Paixão é a adaptação de determinado andamento bíblico - correspondente às últimas 12 horas do cidadão Jesus -, andamento esse desde sempre «apontado» como aquele em que, injustamente, mais achas são lançadas para a fogueira que tem atormentado o povo judeu ao longo dos séculos, porque é que se ataca Gibson e não a Bíblia em si? Ao que parece Mel tem sido acusado - pelos próprios teólogos da Igreja! - de seguir «fielmente demais» as sagradas escrituras, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João...
Eu ainda sou do tempo em que o presidente da Câmara de Lisboa em exercício se barricava em frente ao cinema Berna, mais um grupo de cristãos desocupados, em sinal de protesto pela exibição de «Je Vous Salue, Marie», de Godard (traduzido em pt por «As Horas de Maria»). Esse sim, um belo filme.
Passion of the Christ estreia hoje em Portugal. Eu vou.