quarta-feira, agosto 03, 2005

69 minutes for 9 songs& real poetic sex



A poesia está em quem a apanhar. 9 Songs é um filme de fogo e gelo, onde as canções e as suas letras têm mais importância do que aquela que lhe estão a dar: as letras são guião, são contra-guião, são mote de entrelaçar de corpos e de almas fugidias. Não, não sejam idiotas! Como disse Erica a psicóloga sexual do Júlio de Matos(!!) não se trata de pornografia nem de erotismo. Aquilo espelha o real, que já não deveria ser tabu em nenhuma parte do mundo civilizado. E sim, a maneira como as bandas estão filmadas é importante, Pedro Mexia, longe dos clips encomendados por editoras que pululam por todos os canais abertos de cabo. Não sei se os lives das bandas aparecem como separadores das cenas de sexo ou o contrário! Pura energia, raw, o evento pelo olho de quem o vê e respira. Tal como a relação dos protagonistas que é filmada em 9 Songs. E as letras também, Pedro Mexia, não creia que precisemos do DVD em casa para em modo de pausa integrarmos as letras das canções no enredo, nem tão pouco de sermos os super espectadores que as consigam descodificar na sala, mais, nem que isso seja pretensiosismo algum por parte do realizador... Afinal os filmes «normais» têm muito mais legendas que 9 Songs, e as canções do filme unificam-se nos seus 2 versos-refrão-1 verso-refrão. Simples e directo, na minha opinião, mas eu não tenho que dizer coisas no palco das conferências...
Foi bom ouvir João Lopes, o lúcido e intemporal João Lopes, a quem tiro o chapéu antes da vénia. É bom ouvir alguém deste país que acompanha os tempos do cinema, da música, da estética, da sociologia. Bola de bowling para todos os críticos do Público que encheram 9 Songs de bolas pretas. Afastem-se. Deixem 9 Songs passar. A não ser que prefiram ser derrubados...